Agora começamos uma nova série de textos com a finalidade de esclarecer um pouco o mercado dos fundos de investimento.
Até aqui, lidamos apenas com as características dos títulos públicos aos quais temos acesso através da plataforma Tesouro Direto. Neste caso, o investidor tem à sua disposição uma gama de títulos e possibilidades, às quais vai adaptar o seu objetivo e apetite ao risco.
Para que os investimentos feitos no Tesouro Direto tenham sucesso, o investidor deve, em geral, estar atento ao menos aos principais movimentos da economia doméstica e global. Ter um cenário, mesmo que não seja tão detalhado (basta ser coerente), e uma expectativa de retornos condizente com o risco que quer assumir e com o objetivo formulado.
Além disso, atuando como pequeno investidor (em comparação com o mercado inteiro de renda fixa), as melhores oportunidades dificilmente estarão à sua disposição.
E é aí que entram os Fundos de Investimento. Fundos são como clubes: investidores com perfil de risco e objetivos semelhantes juntam seus recursos para investir em maiores volumes, de modo que o poder de negociação também seja aumentado (custos de transação menores, maior poder de barganha por taxas e melhores condições, etc.).
Vale ressaltar que existe também uma figura chamada Clube de Investimento, cujas regras não são as mesmas dos Fundos, e que deixaremos para abordar em outra oportunidade.
O primeiro objetivo de um Fundo de Investimento é gerar lucro aos seus clientes (chamados de cotistas, pois cada aplicação nada mais é que a compra de cotas do fundo investido). Parece muito amplo este conceito (e realmente é), e por isso foram criadas diversas categorias de fundos.
Cada uma dessas categorias serve para dar uma indicação ao cotista de como aquele fundo deve se comportar, e quais as possibilidades que ele vai procurar. Por exemplo, um Fundo de Investimento em Ações (FIA) deixa bem claro qual é a sua proposta: buscar o maior retorno possível investindo em ações.
“Ah, Camilo, mas eu posso investir em ações de casa. Tenho home broker, acesso a sistemas de notícias e informações, faço análise gráfica ou fundamentalista e decido quais as melhores ações pra investir, etc. etc.”.
Ótimo! Agora, o fundo de investimento pode ser vantajoso por causa de todo o tempo, estudo e dedicação que investir por sua própria conta e risco vai lhe consumir. Ao investir em um Fundo (seja de Ações, Renda Fixa, Multimercados, Imobiliário, Direitos Creditórios, o qualquer variação de cada um desses), você “contrata” gestores profissionais especialistas nestes mercados, que recebem seus salários justamente para gastar o tempo, estudo e dedicação que você não tem ou não quer investir. Ele traz muitas facilidades, mas obviamente isto tem um custo.
O que os gestores/administradores de fundos ganham? Ganham a chamada taxa de administração, que é cobrada justamente como pagamento dos serviços prestados ao fundo (como a gestão, por exemplo). Ela varia bastante entre cada tipo de fundo, e sempre vale a pena pesquisar antes de investir. De qualquer maneira, é bom saber de antemão que ela existe. Ainda, existem algumas outras taxas que o fundo deve pagar (por exemplo, o fundo precisa então contratar um administrador, um gestor, um custodiante para os ativos que possui, um auditor, precisa ter CNPJ próprio, contas na Cetip, Selic e bolsa de valores dependendo dos ativos que pode negociar, e por aí vai…), e que são divididas entre os cotistas. Mas a principal delas é mesmo a taxa de administração.
Todas as atividades de um Fundo de Investimento são regulamentadas pela CVM (Comissão de Valores Mobiliários), que é responsável também por fiscalizar o cumprimento do regulamento do fundo: caso um Fundo de Renda Fixa, por exemplo, invista algum dia em ações, a CVM deve notificar o administrador do fundo de que este tipo de risco não é o esperado para tal categoria de fundo de investimento, no que chamamos de desenquadramento (o não cumprimento do regulamento do fundo e sua política de investimento).
Então, o investidor de fundos de investimento tem menos trabalho do que o investidor que faz sua própria carteira? De maneira geral, sim. O principal é ter em mente um objetivo, o risco que se pretende assumir, e deixar na mão dos profissionais contratados.
É interessante o fato de que, se determinado gestor não está satisfazendo as suas expectativas, você pode simplesmente procurar por fundos semelhantes de outros gestores. A comparação é muito importante! E os dados de cada fundo são publicados diariamente no site da CVM.
Resumindo, os fundos de investimento em geral são uma boa alternativa para quem não tem o tempo necessário para se dedicar exclusivamente aos seus investimentos. O assunto é bastante extenso, e hoje estamos apenas começando a conhecer mais essa possibilidade de investimento. Aguardem os próximos capítulos!
Saudações
2 pensamentos em “Aplicando em Fundos de Investimento – Parte 1: O que são?”
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