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Ações: é hora de comprar ou vender?

por André Kalim

A queda da taxa Selic para os seus menores níveis históricos e a possibilidade de que esse novo cenário econômico seja estrutural e não apenas passageiro trouxe à tona uma nova realidade para os investidores do Brasil, que estavam acostumados a investir em renda fixa e contavam com uma das maiores taxas de retorno reais do mundo. Os juros reais da renda fixa passaram a ser ínfimos, pouco acima da inflação.

A busca por novas estratégias de investimento fora da tradicional renda fixa passou a ser uma necessidade no novo cenário econômico nacional. O investimento em renda variável, mais especificamente em ações e fundos de ações, é uma estratégia que caiu no gosto dos brasileiros. O índice Ibovespa atingiu máxima histórica em 120 mil pontos e alguns gestores dos mais conhecidos fundos de investimentos em ações passaram a ser figuras reconhecidas publicamente.

Peter Lynch é um dos gestores mais reconhecidos e bem-sucedidos dos EUA. O seu fundo de investimento em ações, Fidelity Magellan, entregou um resultado expressivo de 29% de rentabilidade média anual ao longo de 13 anos de existência, de 1977 a 1990. Isso significa que alguém que passou todo esse tempo como investidor do Fidelity teria conseguido multiplicar seu capital em 26 vezes. No entanto, o investidor do Fidelity, na média, perdeu dinheiro ao comprar cotas do fundo. Como isso é possível? O que está por trás dessa contradição é o fato de que os investidores costumam entrar no mercado após expressivos períodos de alta e sair do mercado após expressivos períodos de queda. Ou seja, investidores tendem a comprar no topo e vender no fundo. Esse mesmo fato repete-se de forma consistente ao longo do tempo e nos mais variados países.

O fenômeno de erro no timing dos investidores ao entrar e sair do mercado de ações e fundos de investimentos é conhecido como gap comportamental (expressão trazida do livro The Behavior Gap, de Carl Newport). Essa é uma atitude pouco inteligente e que tem efeitos negativos sobre o investimento e dilapida o patrimônio ao longo do tempo. Investidores compram topos e vendem fundos de forma consistente. Esse é um fenômeno que tem raízes profundas e que deriva tanto de emoções como medo e ganância quanto de vieses comportamentais presentes nos seres humanos.

No entanto, existe uma forma de mitigar os efeitos negativos do erro de timing dos investidores. O caminho para isso é através do planejamento financeiro pessoal e do estabelecimento de uma estratégia de investimentos que esteja alinhada com a particularidade de cada investidor. Uma boa estratégia de investimentos feita por um planejador financeiro em conjunto com o investidor vai garantir que o investidor não esteja consistentemente buscando (e falhando em buscar) o melhor timing para entrar e sair dos seus investimentos. Essa estratégia tira a ansiedade e gera resultados financeiros consistentes no curto, médio e longo prazo. O resultado é uma carteira de investimentos com diversificação, risco, retorno e liquidez ajustados as necessidades e sonhos de cada investidor particular.

Em relação a pergunta feita no título desse texto, a única resposta possível é: depende. Depende da estratégia do investidor. Um investidor sem uma estratégia adequada fica cego diante das constantes mudanças econômicas e age baseado em emoções, no noticiário do dia ou informações de fontes não confiáveis ou pouco alinhadas com suas necessidades pessoais. O planejador financeiro pessoal é o profissional capacitado para desenhar uma estratégia de investimentos adequada e que esteja alinhada com os sonhos e objetivos do investidor.

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