Quando colocamos o alarme para despertar pela manhã, fazemos isto com medo de perder o nosso horário para ira ao trabalho. Aquele mesmo trabalho que não nos anima muito, que nos faz acordar cedo todos os dias, contando o tempo que falta para as merecidas férias. Por que vamos todos os dias para este trabalho mesmo? Ah, sim, por medo de que falte dinheiro para pagar as nossas contas e que acabemos tendo que morar na rua.
Vamos a algumas reuniões que não fazem sentido existir por medo de sermos repreendidos por nossos chefes. Não falamos muitos “nãos” por medo de ter uma fama de preguiçosos ou sem disposição para ajudar, colaborar, sermos pró-ativos. Fazemos seguros por medo de sermos roubados, andamos com as janelas do carro fechadas, não confiamos tanto em nossos amigos, achando que eles podem estar tramando algo contra nós. Comemos muito em algumas refeições com um medo instintivo, já natural do ser humano, de que falte comida mais adiante e de que precisamos armazenar, guardar para dias difíceis.
O cenário pode até parecer um pouco exagerado, mas se notarmos bem, uma ou mais destas sensações nos ocorre no dia a dia, todos os dias. Vivemos em uma sociedade com o medo de perder, o medo da falta. Um medo que causa uma apreensão, uma angústia diária que faz com que nossa qualidade de vida fique por um fio. Ficamos paralisados em tentar coisas novas, em relaxar, procurar viver a nossa vida com medo de perder o que temos.
Queremos ter muito para que nunca falte, para que a perda de algo não seja tão significativa e esquecemos de observar o tamanho de nossa competência e capacidade. Quando passamos a ver o quanto somos capazes de conquistar, o quanto somos inteligentes e competentes, cada um em sua área, passamos a viver a vida com outros olhos. Vocês já observaram os casos de pessoas que estavam em dívidas que pareciam impagáveis e com um pouco de organização conseguiram sair delas e conquistaram o que queriam? Se forem perguntar em volta de vocês com certeza acharão um caso destes.
Com esta necessidade constante de acumular posses para que não falte no futuro, transferimos a nossa medida de qualidade de vida para o que possuímos e não mais para a forma como nos sentimos. Quem nunca foi à praia e ficou deitado na areia e não se sentiu bem? Ou no campo, nas montanhas? E o que temos nestes lugares para nos sentirmos bem? Areia? Mar? Uma toalha talvez? Não é o que temos que faz isso, mas a forma como lidamos com tudo isso. E como fazer isso?
Como fazer do medo um aliado
Quando tomamos uma atitude baseada no medo de perder o emprego, é importante começarmos a analisar por que temos este medo. É por que não teremos como sustentar nossa família, não teremos como pagar as nossas contas? Tudo em nossa vida envolve riscos e perder o emprego sempre será um risco. A questão é como fazer para “minimizar” este risco, ou seja tornar o impacto dele menor.
Podemos, por exemplo, nos tornar profissionais extremamente competentes e especialistas na área em que trabalhamos e fazer com que todos saibam disso, não só divulgando este trabalho na própria empresa como em redes sociais profissionais, como o Linked In. Desta forma, formamos uma rede que conhecerá bem o nosso trabalho e nossos resultados. Isso por si só já diminui o nosso risco de demissão, além de até potencializar um aumento de salário. E mesmo que haja a demissão, já somos conhecidos e poderemos achar outro trabalho, com condições até melhores, com mais facilidade.
Mas notem que a ação é sempre nossa, nós nos dedicamos, estudamos, nos especializamos e, principalmente, informamos o mundo sobre isso. E neste caso, se ficarmos preguiçosos, vamos lembrar do medo e ele agora vai nos fazer continuar agindo. O medo passa agora a motivar ao invés de atrapalhar. Ele passa a ser um aliado.
O céu é o limite
E podemos querer ter o que quisermos, o quanto quisermos, mas o importante é não deixar que nossa qualidade de vida e felicidade dependam disso, pois sabemos que com organização e planejamento conseguimos o que queremos. Com mais qualidade de vida trabalhamos com mais tranquilidade, com mais competência, enxergamos soluções onde pessoas estressadas e com medo não vêem. Ousamos fazer mais e acabamos tendo mais resultados. Aquele que não tem medo de perder é o que tem mais chances de conquistar, pois não depende do que tem para estar satisfeito.
Mas não confundam isto com jogar tudo para o alto. Devemos ter sim o cuidado do planejamento, o cuidado com as nossas finanças, com as nossas necessidades básicas, sermos equilibrados, medir as consequências e assumir a responsabilidade por elas, lembrando sempre que as pessoas em volta podem depender de nós e podem precisar participar de nossas decisões.
Mas que elas não sejam baseadas no medo, mas na vontade de crescer, evoluir, estar bem com a vida, e saber administrar o dinheiro, fazer com que ele trabalhe para nós e não que nós sejamos escravos dele é uma ferramenta essencial para que possamos nos livrar deste medo constante que nos assola. A indepedência financeira não está vinculada a uma quantidade fixa de dinheiro para todas as pessoas, mas sim à necessidade de cada um para conquistar o seu bem estar material, que será um dos pilares de seu bem-estar como ser humano.
Pense nisso e em seus medos. Encare-os e planeje suas ações para que ele não mais controle você!
Até o mês que vem!