É natural que quando conversamos com alguém sobre investimento, sempre apareça a pergunta: “você investe em ações?”. Afinal, a ideia é bastante intuitiva: somos donos de um pedaço da empresa, e receberemos parte dos lucros, já que somos sócios. Além do fato de que, em geral, conseguimos associar a imagem da empresa que investimos com produtos que de alguma maneira fazem parte do nosso dia a dia.
Mas quando respondemos que (também) investimos em renda fixa, em geral vem aquela expressão: “ah… então você é conservador!”. Às vezes até com um tom pejorativo. Mas não se intimide ou fique com vergonha: todo bom investidor sabe que é preciso diversificar nosso investimento. Não é razoável ter todo o dinheiro aplicado em um único tipo de risco, seja ele o risco de uma empresa de petróleo ou mineração, de um banco, de frigorífico, construtora, exportadora de commodities, ou mesmo de títulos prefixados, pós-fixados ou indexados à inflação.
É lógico que tudo isso depende do risco que você, investidor, está disposto a correr. Contudo, o fato é que sempre haverá dinheiro aplicado em renda fixa (seja CDB, poupança, títulos do Tesouro Nacional, fundos de investimento, etc.). E esse investimento em renda fixa pode, ou não, ser conservador.
Por exemplo: manter parte de seu dinheiro guardado na poupança é uma atitude conservadora. Apesar de vantagens como a isenção do Imposto de Renda, existe uma grande desvantagem que é o fato do rendimento só acontecer na data de aniversário da caderneta.
Um fundo de investimento em renda fixa, por exemplo, apura sua rentabilidade dia a dia através do efeito chamado Marcação a Mercado. No caso de um fundo DI, aquele que segue a taxa do Certificado de Depósito Interbancário (que serve como balizador das operações de empréstimos entre bancos), o investidor também é conservador. Entretanto, aqui já não existem algumas das boas características da poupança.
Um CDB ou um fundo de crédito privado, também seguem o mesmo raciocínio, mas aí já começa a ser embutido um novo risco, chamado risco de crédito, que é o risco do banco em que você aplica, quebrar. Nunca podemos ignorar esta possibilidade.
Depois, dentre os títulos do TN, temos 3 possibilidades: a primeira, conservadora também, é a de investimentos em títulos pós-fixados. Dia a dia, existe uma taxa de remuneração para o valor investido. Em geral, os fundos DI colocam este tipo de título em suas carteiras. E então, temos os prefixados e os pós-fixados, que, por si só, já não são tão conservadores. E, dependendo do percentual de alocação destes títulos em sua carteira de investimentos, podemos dizer com tranquilidade que o conservadorismo já foi deixado pra trás, e agora o investidor está em um novo patamar. Que não é tão arrojado a ponto de ser comparado à bolsa de valores (se bem que, de dois anos para cá, até que é possível fazer esta comparação!), mas já não quer a baixa rentabilidade, com sergurança, da poupança.
E por último podemos voltar aos fundos de investimento em renda fixa. Esta categoria é bastante ampla, e engloba todos os fundos que já mencionamos. Em especial, existe uma gama de fundos chamados alavancados. Este tipo de fundo tem por costume operar com instrumentos derivativos, que nada mais são do que instrumentos financeiros em que a liquidação de posições não se dá por meio de dinheiro de toda a transação, mas apenas pelo diferencial. Por exemplo: para comprar um título por R$ 800,00, e vender por R$ 900,00, primeiro é preciso ter o dinheiro inicial, para que depois possa vender o título a outro comprador pelo preço desejado. No caso de um derivativo, em geral não existe a necessidade do desembolso de caixa, e o fuxo da operação seria apenas o recebimento de R$ 100,00 como resultado da operação.
Então, não se acanhe em ser chamado de conservador apenas por investir em renda fixa. Não saia procurando por investimentos de risco só porque outros dizem que são mais arrojados. Invista no que você conhece, e saiba que, mesmo na renda fixa, existem investimentos que, de conservadores, não tem nada!
Bons investimentos!